O ócio e o entendimento
“A partir do dia de Trabalho, a
alienação e a arregimentação se alastram para o tempo livre. [...] O controle
básico do tempo de ócio é realização pela própria duração do tempo de trabalho,
pela rotina fatigante e mecânica do trabalho alienado, o que requer que o lazer
seja um relaxamento passivo e uma recuperação de energias para o trabalho. Só
quando se atingiu o mais recente estágio da civilização industrial, [...] a
técnica de manipulação das massas criou então uma industria de entretenimentos,
a qual controla diretamente o tempo de lazer, ou o Estado chamou a si
diretamente a execução de tal controle. Não se pode deixar o individuo sozinho,
entregue a si próprio.”
Argumentação
[...] 3. Depende
de provas. Estas
idéias intervenientes que servem para mostrar o acordo de quaisquer outras
duas, são denominadas provas; e, onde o acordo ou desacordo é por este meio
evidente e claramente percebido, isto é denominado demonstração, sendo mostrado
pelo entendimento. [...]
4. Mas não tão fácil. Este conhecimento por provas intervenientes, embora seja certo, a
evidência disto não é totalmente tão clara e brilhante, nem o assentimento tão
pronto, como no conhecimento intuitivo. Embora na demonstração a mente
finalmente perceba o acordo ou desacordo das idéias que ela considera, isto não
é feito sem esforço e atenção, devendo haver mais do que uma visão transitória
para descobri-lo.
5. Nem sem dúvida precedente. Outra diferença entre o conhecimento intuitivo e
demonstrativo é que, embora no último todas as dúvidas estejam removidas,
quando, pela intervenção das idéias intermediárias, o acordo ou desacordo é
percebido não obstante, antes da demonstração havia uma dúvida, o que não pode
suceder com o conhecimento intuitivo quando se trata da mente com sua faculdade
de percepção em grau capaz de idéias distintas, do mesmo modo que não se pode
duvidar do olho (que pode ver distintamente branco e preto), seja esta tinta e
este papel, seja tudo de uma cor.
6. Nem tão clara.
Certamente a percepção produzida pela demonstração é também muito clara; não
obstante, freqüentemente mostra-se com uma diminuição do brilho evidente e da
segurança completa que sempre acompanha o que denomino de intuitivo. Do mesmo
modo, uma face refletida mutuamente por vários espelhos retém a similitude e
concordância com o objeto. Ao mesmo tempo em que produz um conhecimento que
vais sendo constantemente, em cada sucessiva reflexão, diminuída da perfeita
clareza e distinção com que aparecia no principio, chegando, finalmente, depois
de muitos afastamentos, a mostrar-se mesclado pela obscuridade, não sendo à
primeira vista reconhecível especialmente aos dotados de olhos fracos. É o que
ocorre com um conhecimento dependente de uma longa série de provas.
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