A T I T U D E S
O que são atitudes?
São atos praticados veementes conscientes ou não de
maneira constante, que ao serem praticados vão se cristalizando no ser da
pessoa, ou seja, vão formando o caráter e a personalidade das pessoas.
Mas o que vem a ser caráter ou personalidade?
Caráter ou personalidade são atos praticados
insistentemente que de tanto ser exercitado, torna-se um hábito que tanto pode
ser bom ou ruim, dito com outras palavras, tanto pode ser virtuoso ou vicioso.
Contudo, o caráter de uma pessoa é uma construção ao longo da vida, que quanto
mais jovem, mais fácil de ser lapidada, mas não pelos os outros, bom, até certa
idade, até o momento em que os jovens adquirem consciência de si; e sim por si
mesmo, com a autonomia do pensamento. Passando por esta fase de concretização de
visão de mundo, o caráter da pessoa se torna cumulativo, e talvez irredutível.
Mas será que o caráter das pessoas quanto mais velho, ou
melhor, quanto mais experiente se torna irredutível?
Em primeira análise, pensamos que sim, porém, há
controvérsias.
Se o caráter é uma junção de hábitos recorrentes
virtuosos ou não, que se cristalizam a cada retomada daquele ato, então podemos
afirmar que fica mais difícil quando o sujeito não possui o hábito de refletir
sobre as suas próprias ações, quando o sujeito não faz um feedback do pensar
sobre o agir, daí se torna quase impossível o sujeito não pensante se
tocar a respeito dos hábitos viciosos,
pelo menos até aqui, os hábitos viciosos são prejudiciais ao sujeito enquanto
totalidade e integralidade do seu ser.
Contudo, se o caráter é uma junção de hábitos recorrentes
virtuosos ou não, que se concatenam a cada ação repetitiva, porém, o sujeito
possui o hábito de refletir, ou seja, pensar sobre o próprio pensamento, então existe
uma possibilidade não tão remota, pois, existe a contrapartida do pensamento,
aliás, eu chamaria este movimento de “Dialética
do Pensamento”, neste sentido, é possível o sujeito pensante
conscientizar-se da mudança de atitudes, de hábitos recorrentes, por que ele
mesmo percebe o movimento, e se queremos mudar é preciso saber perceber o
movimento do próprio pensamento, senão, fatalmente, tornamo-nos escravos do
próprio pensamento.
Eu diria que esta “Dialética
do Pensamento”, é quando o sujeito na sua própria ação percebe, ao mesmo
tempo em que pensa, os meandros sabotadores do próprio pensamento. Seria uma sabotagem do próprio pensar, ou, do próprio Eu. E nesta percepção
abstrata, o sujeito colhe informações sobre si e as julga ao mesmo tempo, tendo
assim, uma nova visão de si para si e em si. No entanto, este julgamento prévio
pode ser vulnerável, porque, tudo isto acontece numa fração de segundos.
A mudança do sujeito pensante surge quando acontece a “Dialética do Pensamento”, enfim, quando
o sujeito percebe as manobras do próprio pensamento querendo te enganar. Ao
captar estas manobras, o sujeito torna-se dono de si, por que ele pode a partir
de então tomar decisões que mude a sua vida, o seu caráter, a sua
personalidade, porém, para que tudo isto se suceda, é necessário cultivar o
pensamento sobre o pensamento, coisa que atualmente, dificilmente, vemos. Por
que não vemos?
Justamente
porque nos encontramos no automático e não no manual.
Automático
quando nos desligamos, quando supervalorizamos somente um ou dois sentidos,
sendo que temos 5 ou 6 sentidos, geralmente, supervalorizamos a visão e audição. Na realidade, estamos
ligadíssimos, somente em um ou dois sentidos, na qual foram citados acima. Não pensamos sobre o que nos acontece, porque
só estamos no comando executar, fazer,
agir e não estamos em sintonia do pensar,
refletir, repensar. Estamos parecendo com as máquinas, com os robôs, que
exercem funções repetitivas perfeitas, todavia, não o somos, somos imperfeitos
querendo ser perfeitos na esteira da produção mercantilista desta sociedade
neurótica em lucrar, lucrar, lucrar. Quanto mais trabalhamos, trabalhamos,
trabalhamos sem exercer a reflexão sobre as nossas ações, sobre o que realmente
produzimos, sobre o que realmente merece ser focado, nós estamos fadados a
ausência de sentido de vida.
Hoje
em dia, nunca foi tão relevante e urgente à presença marcante do pensamento na
vida das pessoas, se assim não se suceder, fatalmente, o sujeito que já se
encontra alvejado, quebrado, doente, sozinho, sucumbirá como zumbi vive as
sombras da realidade fazendo uma analogia a “Alegoria da Caverna” de Platão. Ao
passo que, viver às sombras da realidade é estar no automático das suas ações, é estar cego aos malefícios da neurose
do trabalho em excesso. Será que tem alguém trabalho pouco atualmente? Com
certeza, salvo exceções, os donos do poder, a elite minoritária que manipula o
sistema e controla as nossas ações que não são pensadas.
Contemplar
as sombras da realidade é não ter um posicionamento crítico ativo frente o que
nos é imposto todos os dias no trabalho: metas,
prazos, resultados.
Retornando
ao assunto sobre o caráter pode ser mutável. Estar no Automático é declarar inconscientemente para si mesmo, que não é
você que está no comando da sua vida, é os outros. E estando no automático, o
caráter fica estagnado, não regredi e nem evolui. Pior, na ausência da Dialética do Pensamento, o caráter se
torna frágil e volúvel, facilmente manipulável. Este sujeito que está no automático, perde as rédeas da direção
da sua vida, e entrega para os outros sem questionar nada. O caráter
esfacela-se como castelo de areia, porque, com a aceleração contemporânea dos
nossos dias, vai esburacando o nosso caráter. Para exemplificar, é como a saúde
dos nossos ossos, se você não se nutrir corretamente de cálcio para fortalecer
os ossos todos os dias, eles ficarão enfraquecidos e doentes com a osteoporose,
que nada mais é que buraquinhos que se formam nos ossos por causa da ausência
de cálcio, sendo assim, fácil de acontecer uma fratura nos ossos. Assim é com o
caráter quando estamos no automático,
vai enfraquecendo o seu SER e sua personalidade. Você se torna superficial e
volúvel, pois se encontra com atitudes fracas, que não marcam a vida de
ninguém.
Manual
quando não estamos no automático, quando conseguimos burlar o sistema que nos
manipula e criamos duas personalidades: 1) pseudopersonalidade com a função de
sobreviver no augúrio do trabalho cotidiano, cumprindo ordens impensadas, cumprindo metas impensadas, cumprindo
objetivos não tão bem planejados, cumprindo prazos exorbitantemente curtos,
nada em longo prazo, tudo para aqui e agora “hic et nunc”. 2) Presença
– quando você põe a cabeça para fora do buraco em que você estava escondido
para respirar um pouco e ser você mesmo, mesmo que seja por alguns instantes de
escrever este texto disfarçadamente de “bom
funcionário”, você está sendo e cultivando o seu SER neste momento. Quando
estamos no manual, temos o controle da nossa vida no presente, por isso, este tipo de personalidade chama-se presença.
E quando conseguimos esta proeza de viver o presente e esquecer por alguns
instantes o passado e as preocupações do futuro, estamos, pela primeira vez em
nossas vidas, no comando de nossas vidas. É ser e estar na integralidade do seu
SER. Vivenciando esta integralidade do SER, o caráter do sujeito que pensa, que
age, que sofre, que sinta aflora, brota e brilha no sol da autenticidade da
vida.
Nesta
perspectiva da presença, a personalidade do sujeito floresce como água da
nascente, e corre velozmente para saciar a todos que se ao depararem com este
manancial do SER, da promoção autêntica da individualidade do sujeito. Somente
sendo presença na sua vida, será presença na vida de qualquer um. O caráter
deste sujeito se torna uma muralha da China, por que faz pensando o que sempre
devia fazer em sua essência, como alguns filósofos já nomearam como “Ontologia da presença”.
Ontologia da Presença
é quando conseguimos tocar, nem que seja por alguns momentos, em nosso SER,
mergulhamos na profundidade do nosso SER que é um mistério nos insondáveis
pensamentos de DEUS. Esta profundidade é raramente sentida pelos seres humanos,
somente alguns que conseguiram mergulhar para dentro de si, sem medo, e se
tornam ilustres, iluminados, faróis para os outros.
Quem
hoje em dia está presente em tudo que se vivencia durante o dia?
Quem
hoje em dia está presente para sua família?
Quem
hoje em dia está presente para seus amigos?
Quem
hoje em dia está presente para seus pais?
Quem
hoje em dia está presente para seus filhos?
Quem
hoje em dia está presente para seu amor?
Quem
hoje em dia está presente para os ausentes?
Quem
hoje em dia está presente para si mesmo?
Ser
presente é ser uma pessoa de personalidade marcante não só na nossa vida, mas
com certeza, na vida dos outros.
Ser
presente é ser realmente um presente para si e principalmente, para os outros.
Ser
presente é irradiar energia positiva por onde passar.
Ser
presente é estar vigilante em relação ao pensamento sabotador.
Ser
presente é estar integralmente pleno de si e do seu potencial.
Ser
presente é controlar sua vida com caráter de ferro priva, com caráter de ouro,
de pérolas preciosas.
Ser
presente é ter atitudes positivas e emancipadoras do sujeito em si e em relação
ao alter.
Atitude,
nada mais é, do que concentração abstrata ou concreta do próprio SER do
individuo, que pode ser encontrado ou pode se esvair na poeira do real.
Então,
qual é a sua atitude?
Prof Ms. Sérgio Augusto
Moreira
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