“Quanto mais humano melhor”
“Quanto
mais humano melhor”
Segundo Nietzsche em sua obra “Humano demasiadamente humano” deixa claro afirmando que o humano
se dá no exagero do próprio humano. Pergunta: Será que existe uma medida para o
ser humano?
Na linha do pensamento de Nietzsche, está posto a
extrapolação do próprio ser humano, onde ser humano é viver os extremos da sua humanidade,
tanto para o lado instintivo como para o lado racional, onde até certos
momentos os dois lados se misturam no entrecruzamento do existir. Há quem diga
também, que o lado instintivo do homem há indícios de racionalidade neste lado
primitivo do homem, onde afirma que mesmo nas emoções e nas paixões humanas, a
racionalidade está presente. Em contrapartida, não viver o demasiado humano seria
viver como múmias, zumbis, mortos-vivos, algo desta natureza cadavérica, ou
seja, sem vida. Será que o humano se encontra na extrapolação do próprio
humano?
Será que a valorização extrema da vida humana em seu lado
mais instintivo, ou, do seu lado mais racional, não é valorizar somente o
indivíduo e esquecer o outro semelhante?
Há quem diga que não, porém Nietzsche afirma que a
intensificação da vida humana extrema é garantir-se, é sobreviver-se mediante
problemas cruciais na vida em sociedade. No entanto, só se for necessário, onde
cotidianamente quase sempre é necessário, viver com o martelo destruidor da
verdade imposta dogmaticamente falando. A desconstrução do que há como verdade,
é dar possibilidade de criação, que é o espírito livre e criativo que Nietzsche
fala, entretanto, este espírito livre precisa de um limite, porque, senão
ultrapassa o espaço do outro ser humano e acaba dominando, manipulando, e até exterminando o outro.
Então, que espírito livre é este? Eu me garanto e ponto,
tal afirmação é extremamente individualista, Livre aonde? Se tal espírito livre
invade sem permissão nenhuma o mundo do outro, o alter. Portanto, “o demasiadamente humano”, nada mais é
do que “o demasiadamente individualista”,
ou seja, “supervalorização do sujeito
pensante”. O exagero do humano se
torna desumano.
Retornando a
questão inicial: “É possível medir a
humanidade?”
De acordo com o que Protágoras disse: “O Homem é a sua medida”, medir a
humanidade é óbvio que não é possível, porém, quais seriam os critérios para
medir a humanidade de um homem?
O critério da medida é único e diverso para cada homem,
como disse Protágoras cada homem tem sua medida, quando falo medidas, falo de
limites. Tudo começa e termina com a ação humana, sejam elas quais forem, boas
ou não. Especificar esta medida depende dos limites que cada um põe para si
mesmo.
Portanto,
a singularidade do homem determina não só a personalidade, mas também seus
limites, lembrando que o homem vive em sociedade, então, esta singularidade se
transforma no fluxo da multiplicidade, em diversidade sociocultural. O homem é
um eterno constructo entre o ser e o nada, como Sartre diria, ou, entre o tudo
e o nada, como Blaise Pascal diria.
“Afinal
que é o homem dentro da natureza? Nada, em relação ao infinito; tudo, em
relação ao nada; um ponto intermediário entre o tudo e o nada. Infinitamente
incapaz de compreender os extremos, tanto o fim das coisas quanto o seu
princípio permanecem ocultos num segredo impenetrável, e é-lhe igualmente
impossível ver o nada de onde saiu e o infinito que o envolve.”[1]
Prof. Ms. Sérgio
Augusto Moreira – 10/02/15 16:40h
[1]
PASCAL, Blaise. Parte dois. Pensamentos.
Tradução Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
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