"A Metamorfose"

Parafraseando a obra "Metamorfose" (Franz Kakfa) - O que somos nós, senão "insetos nocivos" à vida social dos magnatas? Nós, quem? Nós professores, educadores que enfrentam a realidade da educação pública brasileira (principalmente e especificamente a Paulista) um tanto quanto caótica, confusa e ATÉ desanimadora, mas continuamos firmes como "insetos" (nocivos que podemos ser) para mantermos convictos em nosso ideal utópico: a educação como panacéia, mas eu pergunto: como?
Se nos sufocam tanto (psicologicamente, socialmente, materialmente "subsistência") que nos sentimos, as vezes, incompetentes, e até frustrados por não conseguir entender e lutar pelo processo de aprendizagem e ensino, retiraram esta gratificação do professor, a sútil sensação de dever cumprido no acrescimo de aprendizagem do aluno, e no final deste processo escutar um elogio ou um reconhecimento. É muito gratificante e engrandecedor tal gesto vindo de nossos alunos.

Mas o que são estes "insetos nocivos", eles sentem alguma coisa?
Bom, segundo Kafka, a realidade que a sociedade hipócrita impõe a nós meros "executores" da educação, como modos de produção capitalista, ou seja, tudo é mercadoria, que tem seu valor estipulado, a educação também é uma mercadoria, e nós professores, somos peça chave neste processo de reprodução de sociedade como dizia Bordieu, reproduzimos o sistema excludente capitalista; reproduzimos conscientes ou não, tendo uma postura critica ou não, a alienação camuflada em forma do seguinte slogan: "Formamos cidadãos". Mas que tipo de cidadãos? "Apáticos" conforme "insetos" pois vejo pouca consciência critica entre os jovens educandos, e sim apatia sobre qualquer coisa que venha da escola, e nós professores nos metamorfoseamos cumprindo nossa "missão" de repodutores do sistema, mas também somos apáticos quando estamos inseridos nesta realidade alienante como dizia Marx, cumprimos apenas funções biológicas: "comer, trabalhar (aulas prontas), salário (pequena recompensa), dormir e reproduzir (biologica e ideologicamente).
Portanto, os insetos não tem sentimentos como nós, mas eles podem produzir sentimentos, como o de indignação, um sentimento mais recorrente dos professores, mesmo aos mais hipócritas que só pensam, ou melhor, só agem como insetos para sobreviverem e reproduzirem este circulo vicioso que alimenta a nossa sociedade que já se encontra caótica e desorientada.
Somos culpados? Sim e Não, porque, quem é professor é dificil dele imaginar outra coisa, ninguem ensinou-nos a procurar por outras opções, apesar que a vida nos obriga a isso. "Culpados" porque podemos ser "insetos" por deixarem massacrar a cada dia a nossa auto-estima com a falta de respeito e reconhecimento com aqueles que com certeza são os únicos que podem transformar uma sociedade, uma geração, uma mentalidade, pela força e convicção da palavra dita e a palavra escrita como fonte de inspiração e mudança de paradigmas; e quando nós professores sabemos sabemos e temos consciência disto, com certeza seremos nocivos a nata da sociedade, entaõ nos tornamos "insetos nocivos".
Vejamos: Existem os "insetos nocivos" e os "não-nocivos".
Os "não-nocivos" eles não nos incomodam, e os "nocivos" incomodam.
Se nós fossemos "insetos nocivos" incomodaríamos quem de direito a burguesia politica elitista em nosso país de maneira inteligente mostraríamos nossa força para sentirem acuados e com medo; se somos uma peça fundamental no motor desta sociedade reprodutora de desiguais e não cidadãos, porque não parar ou quebrar esta peça que com certeza parará a engrenagem desta estúpida e sem sentido lógica da insensatez da involução dos seres humanos ao estado vegetativo e sensitivo dos insetos? Por que não lutar de maneira organizada, em bloco, para vivermos dias melhores com dignidade e respeito o qual todo professor merece seja ele um inseto nocivo ou não?
A proposta aqui é pararmos de agir como apenas insetos que cumpre com seu papel biológico, somos mais que biologia , somos racionais, temos o livre-arbítrio, devemos aprender a optar melhor pela vida com dignidade, e não aceitar de boca fechada, e quando diz alguma coisa, afirma: é assim mesmo, não muda; lógico, porque você desistiu de ser nocivo, seja nocivo, incomode, lute, esperneie, mas faça algo ou você se metamorfosará em apenas em um inseto qualquer.
A liberdade está quando nos arriscamos, mesmo sabendo que este risco não valha tanto assim, pois o medo é muito maior do que o gosto e o sabor da liberdade sentida em seus poros, em sua veia, em seu sangue, latejando e impulsionando pelo menos, em um segundo de tentativa e ação.
É fácil sobreviver, é só aceitar tudo, e viver cada dia sem uma perspectiva clara, lúcida, até porque o único objetivo é sobreviver e não viver, então eu me condiciono a não querer mais do que me é próprio: comer, beber, dormir, reproduzir, ou seja, me satisfaço biologicamente como um inseto e assim não altero minha vida, meu futuro.
O difícil é viver em plenitude, é como se fosse uma guerra sem fim sendo que cada dia findado é uma batalha que pode ser vencida ou perdida o que importa é a tentativa da luta, e nestas tentativas a consciência amplia a visão de mundo, de horizontes e até termos uma utopia; a esperança retoma o seu lugar de origem, de destaque, pois, é ela que leva o homem ao seu ápice de aproveitamento da vida, de sapiência.
Se você está perdendo, e ainda não perdeu este fio de navalha chamada esperança, transforme este fio em uma corda de aço potente que te segure firme nela, para que continues a lutar, pois a esperança é o motivo fim da luta constante, sem soçobrar um só instante.
A esperança nos faz seres em nossa natureza inquietos, pensantes, incomodados com as desigualdades, indignações e imperfeições que cometemos. Por isso somos taxados de "nocivos", porque o diferente é o diferencial entre apenas "insetos" e "insetos nocivos" existe um abismo colossal no sentido destas palavras.
Portanto, seja nocivo a quem te é nocivo (o governo) de maneira inteligente e eficaz no gesto de paralizar a engrenagem da sociedade hipócrita.

Comentários

Postagens mais visitadas