Grito Seco - Aluno : Douglas M. Reis

Somos iguais a esse chão seco que nos cerca aos quatro cantos, maltratado, esquecido, e com poucas gotas de esperança, porém com história, uma história de mortes por sede, mortes por fome, mortes por desigualdades.
Em nosso combate com a própria terra, árvores desaparecem e não mais seguram o firmamento do céu, o céu despenca, fica baixo, cada vez mais baixo, facilita mais a Deus escutar a vida dando seu esculacho.
Nós cansamos de perguntar "PORQUÊ"! Enquanto ouvimos sermões nossos joelhos são forçados a tocar o chão, a encostar nos pequenos grãos de areia vermelha, que se refletem no céu ao entardecer de um dia árduo, rugas de velhice começam a aparecer na aquarela do nosso cartão postal, sentimos na pele o envelhecer da paisagem, mas, não se renda, não se renda a morte disfarçada de "sertão", onde apenas os fantasmas de nossos cavalos nos acompanham em direção ao vazio.
Nossos gritos por socorro padecem entalados sobre a secura da garganta, a fumaça desce e sobe, o chão suplica algumas lágrimas minhas, apenas para poder saciar um pouco de sua sede, e eu, sem saber mais o que é o "VERDE", me junto aos outros corpos, que se tornaram apenas corpos, apenas por não ter sobrenome.

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