FRUGALIDADES


Pense nesta palavra que traz consigo mesma certa harmonia sutil em sua pronúncia, há uma conexão das sílabas de forma mascarada, tendo como resultado um som agradável ao ser ouvido, mas não se engane com o que é agradável não só aos nossos olhos, mas principalmente aos nossos ouvidos. Parece doce-mel em seu volume que derrete e desaparece como palavras bem ditas e pronunciadas.
Sim, Desconfie do que os nossos ouvidos ouvem!
Desconfie do que os nossos olhos vêem!
Desconfie do que a nossa boca come!
Desconfie do que o nosso nariz cheira!
Sim, Desconfie do que nossas mãos tocam!

Então devo desconfiar de tudo? Ser um autêntico cético?
Não, somente desconfie dos seus sentidos, mas confie em sua reta razão acompanhada de uma boa intuição, que muita das vezes, ela te orienta e guia a um caminho ético sem dúvida nenhuma melhor, pois possibilita a mágica oportunidade de nos conhecermos a fundo, basta ouviras razões que o teu próprio coração (intuição) te oferece, já dizia Blaise Pascal: "O coração tem razões que a própria razão desconhece".

A intuição te mostra em conjunto com a reta razão "O" ou "Um" caminho, Você, somente você escolhe, opta, e, decide o que fazer; o que falar; o que pensar e; o que devo escutar, ou ainda, o que devo seguir: sentidos x razão, sendo os sentidos "Um" caminho das "coisas frugais", mas o que seria estas "coisas frugais"?
Bom, coisas frugais com certeza combinam com coisas banais, coisas sem tanta importância, ou ao contrário, tais coisas já tiveram seu devido valor e relevância, mas atualmente existe uma inversão de valores cuja direção é a banalidade, ou seja, não dar importância aquilo que é importante e vice-versa.

Será que atualmente nossas vidas tendem para a tal frugalidade?
Será que minhas maneiras/modos são banais?
Será suas palavras e discursos coisas frugais?
Será que você é frugal/banal, ou, existe uma tendência escancarada que invade nossas mentes, portanto, nossas atitudes para uma frugalidade existencial? Você é e não é, ou é, ou não é no é e no não é? Ou seja, Nada ou tudo?
A palavra frugalidade é bonita em sua construção morfológica e principalmente fonética, mas não se engane, onde está o sentido significante desta palavra? Pode ter como sinônimo: banalidade, superficialidade, simplicidade, mas não terá a mesma sonoridade o qual aparenta ser uma coisa mais no fundo é outra em seu sentido entendido. Não terá nenhum valor sua pronúncia e muito menos, o seu conteúdo que pode ser vazio ou não, pois os sentidos entendidos já o enclausuram no seu castelo de fantasias delirantes de nossa fantástica capacidade de imaginar o não-imaginável provenientes de nossos sentidos errantes que imprimem em nossas mentes como Locke dizia o imediato, o agora (como se fossemos tirar uma foto com nossos olhos/lentes naquilo que passa pelo meu sentido visual, e assim imprimiria uma imagem, ou, representaria a imagem de um objeto ou situação), sendo que o real não só o que sinto, mas o que penso sobre o que sinto, portanto, as aparências não só visual, mas principalmente as aparências sonoras podem nos enganar, nem tudo aquilo que é prazeroso aos meus ouvidos é verdadeiro. O prazer pode tanto ser fútil como útil só você tem condições de possibilidade de direcionar seus sentidos ou não. Cuidado com as palavras!
As palavras têm poder e são altamente tendenciosas, eu diria: Bem ou Mal intencionadas, entenda como quiser.
A palavra dita, pronunciada com energia ou não, conscientes ou não, ela fará o teu papel, que cabe somente ao sentido entendido daquela palavra, sendo assim ela pode te dominar e até te escravizar, tamanha é a força e poder delas. O sentido da palavra tanto pode te encaminhar ou te desviar de acordo com o grau de intencionalidade do sujeito falante, por isso, é preciso ter conhecimento de causa sobre a linguagem e nossos vocabulários, para não aceitar a dominação da própria palavra.
O som agradável das palavras bem ditas nos encanta, não só o som, mas também a nossa visão daquilo que achamos belo, o olfato gostoso, e o paladar delicioso, aqui está a máscara dos sentidos, por trás do que é prazeroso, belo e útil para mim, eu me concentro, eu aceito sem nenhuma reação reflexiva, apenas aceito porque é padrão, mas o que importa é ir contra os padrões pré-estabelecidos, eis uma atitude crítica e auto-crítica, a linguagem pode nos ludibriar em seus ramos e teias de significações e sentidos entendidos.
A máscara fonética esconde assim o real sentido de tal palavra "Frugalidades", que por sua vez, posso confundir com "Fragilidades", mas nem sempre aquilo que seja frugal é frágil; a palavra "fragilidade" o sentido é mais direto e concernente, enquanto que a palavra "frugalidades" seu sentido é mascarado e até mal-intencionado, pois, a sua sonoridade sutil e harmoniosa nos enfeitiça para outras conotações da palavra, mostrando sua aparência, ou seja, o que não é.
Concluindo, Frugalidades! Esconde o seu próprio ser na máscara do som pronunciado, no vento organizado como os gregos diziam, se é vento não é nada, e o nada tem seu espaço assim como dizemos tudo, pois, tanto um como outro continuam não sendo nada num universo simbólico lógico.
Frugalidades um sentido malandro, quer dizer o não dizer, dizendo aparentemente o não - aparecer.
Entendeu? Se não, não importa tudo contem o nada mesmo, e assim vice-versa, mas entenda algo foi dito entrelinhas.

Sérgio Augusto Moreira

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