“O Homem e a concha” (Paul Valery – Varieté) 15/10/2009

     Certa vez o poeta Paul Valery conta a história de um homem caminhando na praia quando pára e enxerga uma concha bonita e diferentes das outras, pega-a em sua mão e a contemplando-a por várias horas e chega a fazer uma reflexão dele mesmo enquanto homem (ser humano que somos e a concha), dizendo assim: “O que fazemos assim é o que nos faz a nós mesmos, mais do que o fazemos. O que somos senão um equilíbrio instantâneo de uma quantidade de ações escondidas e que não são especificamente humanas? Nossa vida é tecida com esses atos pontuais, onde a escolha não intervém, que se fazem incompreensivelmente deles mesmos. O homem anda; respira; lembra-se – mas em tudo isso ele não se distingue dos animais. Ele nem sabe como morrer nem como se lembra, e não tem a menor necessidade de sabê-lo para fazer isso, nem de começar pelo saber antes de fazer (...) É preciso que um propósito aja primeiro nele próprio e faça dele mesmo um instrumento especializado.” (p.101)

     E ainda disse mais: “A filosofia não consiste, afinal, em fingir ignorar o que se sabe e saber o que se ignora? Ela duvida da existência; mas fala seriamente do ‘Universo’” (p.102) “Vou jogar minha descoberta como se joga um cigarro consumido. Essa concha me serviu excitando a cada volta o que sou, o que sei, o que ignoro ...” (p.108)

     E aí, já encontrou sua concha para você contemplá-la, admirá-la ao ponto de refletir sobre sua própria existência?

Pense nisto!

Sérgio Augusto Moreira – SAM – 19/05/2011. 20:45h

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas