Resenha XII


               “Na sua estrutura social, esses latifúndios possuem três classes perfeitamente distintas: a classe senhorial, a classe dos homens livres, que são os operários rurais (...) na classe senhorial estão os senhores do engenho (...) são todos quase inteiramente da raça ariana (...) a aristocracia é o ponto de concentração dos elementos arianos da colônia.” (p.77)

      O autor Oliveira Vianna explicita as influências européias etnocêntricas sociais nesta época do Brasil colônia e na iniciação de mini-sociedades (Os Engenhos) o qual evidencia a hegemonia ariana no comando destes Engenhos, está bem claro neste trecho do texto.
              Contextualizando histórico-socialmente, a raça ariana de cunho etnocêntrico positivista, o qual está em mente a dominação e sua superioridade, Oliveira Vianna tem essa matriz filosófica, marca sua forma intelectual de pensar o povo brasileiro, mas também em sua concepção do povo sertanejo descrevendo-os como bravos e corajosos por saber viver no habitat natural o qual estavam “esquecidos” política-socialmente pelo governo, pelo meio físico.
           Na citação acima, Oliveira mostra a estrutura social dos “engenhos” e a liderança é dada aos “brancos”, que no pano de fundo é de cunho Imperial monarquista para manter o poder dos portugueses no Brasil Colônia, mas em contraposição vai crescendo o movimento do “Republicanismo”, o qual Oliveira também participa, por entender o povo brasileiro em evolução como o darwinismo social , então é a forma de governo positivista, manter um Estado Positivista, em sua perfeição cientifica, A República é a melhor forma de governo, por isso cresce tal movimento no Brasil, ou seja, em outras palavras A Ciência(Positivismo-(Positivismo-República) X A Religião(A missão de Portugal “cristianizar os gentios” – Monarquia).
              Tal confronto é inevitável, Confronto entre raças como o próprio Oliveira afirma “aristocracia” é ariana, o qual concentra a hegemonia política-econômica, e os mestiços o que são? Uma nova raça, uma mistura, por isso inferior. Quem somos ou modo deles verem nosso povo, O que somos?
              Os mestiços são catequizados e escravizados na fé e no trabalho dos engenhos.
       Numa reflexão filosófica, Oliveira há o impacto do novo, por parte dos arianos aristocratas portugueses, um povo diferente, tem uma atitude de medo, do espanto ou admiração, todos os seres humanos tem intrinsecamente em sua essência, como dizia Platão “Thaumadzein” significando “espanto” e “admiração”, é a primeira atitude humana frente ao Novo, e neste Quem é o Novo  neste contexto histórico?
            A raça ariana, com seus costumes e imposições religiosas, políticas e sociais, ditando uma nova sociedade, são ditadores de uma cultura positivista; e com tal atitude de espanto e admiração possibilita o ato de filosofar, pensar e até sentir que não somos os únicos e nem somos os “os donos da verdade”, o contato com o diferente, o novo; envolve-nos em nossa mistura com outras culturas, e não é unilateral, bom depende do ponto de vista, se for pelo lado dos aristocratas arianos, com certeza é tirano e opressor com o lema : “Ordem e Progresso”, mas que tipo de Progresso é este?
             As relações entre uma cultura onipotente e outra cultura natural ditando o poder xenofóbico. A metafísica da verdade ariana concentra-se nesta estratificação social nos Engenhos que são mini-sociedades ou como dizia Foucalt uma “microfísica do poder”. A relação é desleal em nome da Ciência, como detentora última das respostas dos seres humanos, segundo Augusto Comte.
            Em seu texto, o Autor ele tem posição “neutra” no debate das mentalidades que vão se instaurando, eu diria uma posição “imparcial”. Primeiramente sua formação do governo do Império defendendo a Monarquia (Família Real), por isso a xenofobia do thaumadzein com os sertanejos um povo diferente na mesma nação, descobre um país multifacetado em pequenos “feudos” (engenhos), mas ele não posiciona em nenhum dos lados.
           Portanto, Oliveira Viana é imparcial em sua visão do povo brasileiro. Por que tal xenofobia em se posicionar?  

 Taubaté, 12 de maio de 2006.

Sérgio Augusto Moreira

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