CUERPO

Cuerpo
“O corpo tabernáculo dos sentidos.”





         Quando pensamos no que vem a ser “o corpo”, imediatamente, imaginamos em algo puramente físico, porém, se percebemos a relação intrínseca com os nossos sentidos, entenderemos de fato que o corpo nada mais é do que a extensão da nossa mente pensante.
         Mas será que o corpo tem vida própria?
         Sim e Não.
Sim, se entendemos o corpo na questão da Dualidade (Corpo + Alma), como os gregos antigos pensavam. Neste viés filosófico de Heráclito, onde “o ser é e não é, ao mesmo tempo, por que a única coisa mais estável é a mudança”, por isso, a alma, de certa forma, estaria colada, grudada, no corpo. Ademais, o termo “alma”, em grego, significa “animus” – Vida, ou seja, algo dinâmico, mutável, por isso, nós podemos afirmar que o corpo tem vida própria, pois ele muda com o tempo, contudo, o corpo é matéria e a alma é imaterial. É óbvio que temos a dificuldade de vislumbrar a alma como coisa por não ser matéria, estamos acostumados ao que é visível, concreto, mas esquecemos de que tudo o que existe atualmente, já foi invisível, abstrato, criado pela mente humana.
A alma é tão real quanto o corpo já dizia os primeiros filósofos se entendermos a realidade como algo existente.
Para exemplificar este dilema pense numa simples bala. Será que o papel da bala é à bala? Com certeza não, porém, o papel da bala incorpora o ser da bala, é parte constituinte da bala, ou seja, o papel da bala também faz parte da bala, mas também, o papel da bala não é à bala, é apenas um papel com uso de envolver e conservar a bala. Fazendo uma analogia com o corpo, “o corpo é o tabernáculo da alma, ou, a morada da alma. O corpo sem alma não é corpo, é um cadáver; e a alma sem corpo, não é um ser humano, segundo os gregos, é apenas um sopro”.
Não, se entendemos o corpo na questão do Dualismo (Corpo – Alma), a “alma não estaria colada, grudada no corpo”, uma coisa é a alma, outra coisa é o corpo, não se misturam. Neste viés filosófico de Parmênides, com o princípio lógico do terceiro excluído, “o ser é, o não ser não é”, ou seja, significa que o corpo é apenas receptáculo da alma, da vida.
Para exemplificar este dilema pense num copo d’água. O copo é o recipiente da água, mas o copo só existe para determinados fins como recipiente de algo, já a água é vital, enfim, o copo é copo quando está vazio; a água é água quando não misturada com nada, quando juntos o copo recebe o líquido – a água. Fazendo a analogia com o corpo, o copo é um corpo que recebe algo para seu preenchimento, para existir a vida, recebe a alma.
Até que ponto o CORPO é o cárcere da ALMA, conforme dizia Platão?
Mas será que não é possível ter um corpo como receptáculo, ou, o corpo funciona naturalmente respeitando suas funções biológicas sem ser receptáculo de nada?
“O corpo como tabernáculo dos sentidos”. Reconhecer esta proposição como válida e verdadeira, é reconhecer que o corpo tem vida própria, que os sentidos fazem a ligação, a conexão entre a mente e o corpo, dependendo do viés interpretado. Os sentidos dão vida ao corpo, dão movimento ao corpo.
Como sabemos, o corpo fala através dos “sentidos”, o que propicia conhecimento empírico para a alma. A experiência, o empírico contribui quase que 100%, se não for 100% para a consciência do corpo, por isso, a necessidade do autoconhecimento do corpo, do autocuidado do corpo, da forma mais natural possível (quando digo cuidado, no sentido das funções biológicas do corpo como: alimentar, movimentar, descansar, beber, dormir, entre outros).
O corpo não só fala como também reclama, quando você ultrapassa os limites postos pela própria natureza biológica. Reclama quando você exige demais do seu corpo. Reclama quando você não respeita os limites dele.
Portanto, o corpo tem sua linguagem própria que por conta de nossa consciência violada e manipulada pela cultura midiática como modelo, como paradigma ilusório a ser seguido. O corpo precisa ser ouvido, precisa ser cuidado, precisa ser amado. Deus nos fez, nos criou numa forma única, humana, à sua imagem e semelhança, a beleza do nosso corpo deve ser valorizada e apreciada, não importando a sua forma variada, se tal forma não se encaixa nos padrões de beleza pré estabelecidos pela sociedade contemporânea.


Sérgio Augusto Moreira – 03/07/13 – 14:45 h

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