O Amor sem medidas
Ah! Como é bom amar!
Amar sem medidas, sem
limites, não é bem amar, por que o amor necessariamente exige medidas e limites
sim. Se falo de amor, falo de decisão, de comprometimento, de razão, de
responsabilidade, por isso, parafraseando Santo Agostinho, bispo e doutor da
Igreja, “Sou livre, quando sou responsável”, enfim, a liberdade é pressuposto
do amor.
Outro pensamento de
Santo Agostinho: “Ame e faça o que quiseres”, nesta expressão está à verdadeira
liberdade, fundamentada no Amor Ágape, somente assim podemos entender nossa
essência humana como criaturas criadas por Deus Pai Criador.
Deus é Amor,
segundo o evangelista São João. Se Deus é Amor e somos feitos à sua Imagem e
Semelhança (Gen 1, 27), então, logo, somos feitos para amar e ser amados pelos
outros semelhantes, pois há a semente do amor em nós, semeada por Deus quando
sonhou, pensou em nos criar, quando Deus nos fez, nos deu vida. E Este sonho de
Deus é simplesmente espetacular, maravilhoso, não temos noção das graças e bênçãos
que Deus tem para cada um de nós, é somente no Amor e por Amor que
descobriremos este sonho de Deus para cada um, e cada sonho é diferente do
outro, não é igual. Deus quis que nós existíssemos, por que é bom. Contudo, nós
devemos responder em vida a este amor incondional de Deus por nós, daí nós seremos
realmente felizes.
O Amor abre portas,
nunca abertas; amplia os horizontes da alma, no meio da aridez e da pura
escuridão; clareia possíveis perspectivas iluminando nossos passos para o
caminho reto da perfeição de si; suaviza a busca pela santidade; cruza
fronteiras, nunca permitidas até então; aquece as geleiras das indiferenças
humanas; contradiz as mentiras das paixões ilusórias; impulsiona-nos a estar na
“pele do outro” e ter compaixão.
O Amor é a linguagem
universal onde todos se entendem.
O Amor restaura vidas,
sonhos, transforma as pessoas com a esperança viva que bate e permanece em
nossos corações dizendo: “Quero viver”.
Mas, porque o mundo
vive sem esperanças, com descrédito do amor?
Simples, quando o ser
humano se afasta e não só se afasta mas negam e blasfemam contra Deus.
Ora, Se Deus é Amor, e
os homens são criaturas provenientes de Deus, e se afastam Dele, então
logicamente, se afastam do amor original.
Porque os homens querem
se afastar de Deus?
Devido ideologias
sistematizadas desde Era Moderna até a nossa época contemporânea, ideologias
que disseminaram a busca desenfreada a artefatos tecnológicos “pirotécnicos”
que só escravizam para um consumismo doentio (Black Friday). A mídia em geral
dissemina a cultura do descartável com todas as facetas perversas do
capitalismo tardio através de um mecanismo de manipulação constante que podemos
chamar de “Alavanca do escravo” –
Comprar – Vender – Consumir.
Eu compro
Eu vendo Eu consumo
Se eu compro algo é
para satisfazer a ausência de algo dentro de mim, este algo pode ser qualquer
coisa, que não necessariamente precisa ser comprado. Então, esta ausência pode
ser um vazio existencial, ao passo que, o que eu compro, satisfaço
momentaneamente, e volto a ter a sensação de vazio existencial. O que fazer?
Não comprar?
Já dizia Aristóteles “Nada
em excesso e Nada em falta”, nada melhor do que ser uma pessoa prudente,
cautelosa, que tem bom senso, coisa rara hoje em dia. Se você está bem interiormente,
você compra não para tapar o buraco existencial que lá está, você compra
realmente por necessidade, não será uma compra compulsiva, será uma compra
razoavelmente controlada. Nada melhor do que atitudes moderadas em tudo na
vida.
Tal Alavanca do escravo
nos torna mais mundanos, dependentes das coisas, dos produtos, das novas
mercadorias que são disponibilizadas a cada ano, a cada semestre, todos os
dias. O que acontece? Matamos aos poucos a semente do amor sufocando com os
espinhos do consumismo exacerbado e doentio. As relações interpessoais,
intrapessoais são artificializadas, por que o homem se torna um objeto
facilmente manipulável, sendo um objeto, eu posso fazer o que quiser com o meu
egocentrismo endeusado, o homem se torna uma mercadoria também, como dizem
comumente “Todos tem seu preço”.
Por falar em preço, Se
eu vendo, porque estou precisando de capital, com certeza, para comprar outra
mercadoria que vai me satisfazer imediatamente, por fim, retornamos ao comprar que
é a mola propulsora do capitalismo perverso, como a rodinha de ratos, conforme
dizia o velho Marx.
Portanto, Consumir algo
se torna consumir a si próprio no redemoinho frenético do vazio existencial que
no fundo tem o niilismo como base. Tudo acaba em nada, serve justamente, para
você ficar distraído, cansado, esgotado de tanto trabalhar e consumir num ritmo
acelerado da contemporaneidade, com base na repetição escravista cotidiana do
trabalho.
Diríamos assim: “nada
de novo tem sob o Sol”, “amanhã é Segunda-feira, volto a trabalhar e começa
tudo dinovo a roda dos ratos”, causando assim “um mal estar na civilização”
conforme diria Freud, chegando ao ponto de não sabendo mais quem somos nós, eis
o objetivo primordial do capitalismo com o consumismo, nos aniquilar em nossa
humanidade de tanto trabalhar, quem disse que a dita “escravidão” acabou?
Consumo, logo, existo
para ser manipulado. Os produtos, as mercadorias, as coisas inventadas pelos homens
nos sufocam ao bel prazer do consumir por consumir, eis o perigo da alienação
existencial.
Este mecanismo da
ideologia neocapitalista encontra-se notadamente germens de autodestruição do
ser humano em sua essência, aliás, esvazia-se o Ser e enche-se do Ter, ou seja,
esvazia-se do Tudo (Amor) e enche-se do Nada (Desamor). Com o esvaziamento do
Ser, vem as doenças da psyqué (alma)
como: Depressão, Síndrome do Pânico, Compulsões, Transtornos de ansiedade e
Bipolaridade, entre outros.
Esta semente que Deus
nos deu no dia de nossa concepção é O Amor ao seu próprio Ser. Se para o mundo
o Ter é o que vale, para Deus o Ser é o que vale. Na expressão mundana: “Tudo
tem um preço”, para Deus esta expressão já foi paga a mais dois mil anos atrás,
quando Deus doou seu único Filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor, que se encarnou
no seio virginal de Maria Santíssima, a escrava do senhor, que disse Sim
aos planos de salvação de Deus para toda humanidade.
9 “Por
isso, Deus também o exaltou sobremaneira à mais elevada posição e lhe deu o
Nome que está acima de qualquer outro nome; 10para que ao Nome de Jesus se
dobre todo joelho, dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, 11e toda a língua
confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” (Filipenses 2, 9-11)
A vida inteira de Jesus
Cristo, principalmente, os últimos 3 anos da sua vida pública, onde culminou na
sua obediência máxima a vontade de Deus, que foi a sua morte de cruz,
derramando seu Sangue Preciosíssimo no madeiro da cruz para redimir todos os
nossos pecados, da humanidade inteira. No entanto, com a Paixão, Morte e
Ressurreição de Jesus Cristo, Nosso Senhor, pelas suas santas chagas, pelo seu
lado aberto que jorravam sangue e água do Coração de Jesus, foram bem pagos a
nossa vitória. Com este episódio, Deus derrama sobre toda humanidade de todas
as épocas, seu grande amor misericordioso. Deus não só paga o preço de cada um
de nós, mas dá em acréscimo, se nós vivermos conforme a tua vontade, em
consonância com os mandamentos da lei de Deus.
Mas, é claro, que para
este plano de salvação de Deus desse certo, foi preciso o Sim de Maria, a
virgem Santíssima.
A vida inteira de
Maria, nossa Mãe do Céu, virgem Santíssima, foi de obediência plena a Deus Pai
criador. Maria, a criatura mais perfeita que Deus preparou para toda
humanidade, Mãe da Igreja, Rainha do céu e da terra. Aquela que cuidou
amorosamente do menino Jesus, o menino Deus, quer mais puro amor e devoção ao nosso
Deus que Maria Santíssima e seu castíssimo esposo São José.
A Sagrada Família é o
sinal puro do amor de Deus pela humanidade, é o Amor sem medidas.
Deus Ama você sempre.
Jesus te ama sempre.
O Espírito Santo é o
Amor gerador que em nós habita.
Maria, nossa mãe, nos
ama com amor maternal e cuida de cada um de nós, ternamente, com toda
docilidade do céu, basta abrirmos nosso coração para que o céu se faça morada
em nós.
Maria, Mãe medianeira
de todas as graças, caminho perfeito até seu filho, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Mãe do puro amor, da obediência, do silêncio, da humildade profunda, da fé
viva, das dores e das lágrimas. Aquela que luta por nós contra os nossos
inimigos, os inimigos da cruz.
Se deixarmos a Sagrada
Família morar, habitar todos os dias em nosso coração, o amor permanecerá, e as
trevas não prevalecerão sobre nós, só se pecarmos.
Prof. Ms. Sérgio
Augusto Moreira
28/11/2014 – 16:30 h
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