"Pensar fora da caixa"

     Pensamentos direcionados no vento da esperança produzem frutos, as vezes, benéficos ou maléficos, no chão da realidade tão caótica quanto frenética.

     Onde estão os pensamentos sãos? Por onde andam? Lá, acolá e nos entrelaçamentos do porvir?

     Procura-se os pensamentos decentes que são alinhados com o sentido do real nas fronteiras do surreal.

     Será que pensar livremente nos descondiciona das amálgamas do cotidiano entediante no seu existir?

     A expressão "pensar fora da caixa" cunhada em meados da década de 60 e 70 com base num exercício de "quebra-cabeça de nove pontos" do livro de Sam Loyd de 1914 chamado "Cyclopedia of puzzles", nos mostra que somos condicionados matematicamente no pensar. 

     Somos forçados (educados) a pensar dentro da caixa e esta caixa são os limites até onde você pode ir, são as linhas impostas imaginárias (regras sociais), ou, até ideologias impactantes para dominar o sujeito pensante, não deixando avançar na complexidade e liberdade do pensamento criativo. Dentro da caixa, você pode tudo, pode criar, navegar, ser, entre outros.

     A ilusão de ser livre no pensamento nos limita ao que nos é oferecido pela a objetividade do real.

     Será que Hegel estava correto, ao afirmar que "o real é racional, e o racional é real."?

     Na perspectiva da filosofia "pensar fora da caixa", o real é a caixa (sociedade matematizada, binária, regras, normas, leis sociais); já o racional é a mentalidade vigente, ideologias criadas para manter a massa homogeneizada, a cultura de massas, indústria cultural. 

     Tudo está programado para a funcionalidade social do ser humano em seu desígnio de autodestruição (nascer, crescer, desenvolver, morrer - ciclo natural da vida), contudo, somos criados para viver longamente?

     A caixa limita nossa vida a quantidade preestabelecida de anos para viver, enquanto que são criadas mentalidades sob mentalidades para manter a vida social aprisionada, escrava ao fundo da caverna, endeusando telas, aparelhos tecnológicos nos mantêm ocupados no nada.

     Como assim ocupados no "nada"?

     O fazer do século XXI nesta sociedade frenética é vazia de sentido, pois, o objetivo é entreter, distrair, dispersar, isolar o público do real. Fazer só por fazer e dizer o que está ocupado, principalmente, nas redes sociais, prefiro o ócio "grego" onde o "fazer nada" é contemplativo.

     Mas, o que é o nada?

     Jean Paul Sartre em sua obra "O Ser e o Nada" afirma que o Nada é o que está envolta do Ser - por exemplo: Se numa folha em branco aparecer um ponto bem ao centro, este ponto, é o Ser, e o restante em torno do ponto é o Nada.

     Outrora, este ponto era fixo, claro e objetivo na sociedade, todavia, atualmente este ponto não é mais fixo, claro e objetivo; é sim obscuro, estranho e indiferente, devido a invasão do Nada no Ser. Por isso, a sociedade se esvai como líquido, como diria Zygmund Bauman.

     O Nada em evidência esfumaceia o Ser como ponto que quer, pretende e, até necessita estabilizar segundo tradições cristãs ontológicas, porém, não se sustenta, nada se sustenta.

     "O Pensar fora da caixa"é a tentativa de estabilizar o ponto de fixidez móvel que chamo de "Momentos" (não importa o tempo) com um propósito, com um sentido significativo para qualquer um que se dê o presente de "pensar por instantes".

     A vida é feita de escolhas que se "encaixam" em "momentos qualitativos ou quantitativos".

     "Momentos quantitativos" - o quanto você faz em números, porcentagens, medidas, kilos, metros, kilômetros, capital financeiro, metas e objetivos?

     "Momentos qualitativos" - o quanto você valoriza, o quanto você personaliza? o quanto você cria virtudes?

     A verdade é que de momentos e momentos vamos colorindo a nossa experiência factídica do existir neste mundo, ou, deixando monocromática a nossa existência nas mãos dos donos do poder.

     E aí? Que tal pensar fora da caixa já?