Racismo à moda Brasileira

            


            Você brasileiro é racista?

Não, imagina! Eu racista nunca!

Tem certeza?

Claro que não. Nunca fui racista.

Mas o que é ser racista mesmo?

É classificar, é dividir, é ser etnocêntrico. É se julgar superior a um grupo, a um povo, a uma cultura diversa a sua.

Você já classificou, dividiu, julgou, separou alguma vez?

Desculpa, então você e eu somos racistas, porque o racismo cria “raças”, ou melhor, cria o “mito das raças”. Raça Negra, Branca, Amarela, Vermelha. Não importa a cor, você já separou, classificou, dividiu, portanto, já foi racista um dia.

O Brasil sofreu há 388 anos atrás com a escravidão, foi o último país do mundo que “aboliu” a escravidão, mas parece que ela ainda persiste em nossa mentalidade medíocre por não perceber que somos “controlados socialmente, politicamente, economicamente e até culturalmente” por um poder lacerante que incrusta na nossa mente o complexo de inferioridade. Onde ser brasileiro é ser corrupto, é ser ladrão, é ser malandro, é óbvio, que além de ser amigável, hospitaleiro, alegre, de fácil convívio.

Lembre-se da música "Comida" Titãs: Você tem fome de quê? Você tem sede de quê? Fome de justiça social para o povo que padece na burrice anacrônica da história brasileira. Sede de dignidade para os trabalhadores pretos e pretas do nosso país, que construíram nossa história com seu suor e sangue, doando sua própria vida a esta cultura que o despreza todos os dias no ônibus, na fila de um banco, no shopping center, na farmácia, na consulta com um médico, advogado, dentista, engenheiro, professor doutor fulano das quantas, enfim, até quando vamos suportar esta “Indiferença mentecapta cultural”?

Sei lá! Como Sócrates afirmou: Só sei que nada sei. Mas calado, eu não fico. Porque tenho sangue mestiço correndo em minhas veias. Como posso calar e negar a ancestralidade cultural herdada tanto geneticamente, talvez em poucas porcentagens, como no convívio social diariamente? Quem luta por eles? Quem luta por nós povo? Quem luta por mim? Quem? Onde estão? Não os vejo em nenhuma instância política, jurídica, social, pedagógica, médica, religiosa.

“Eu sou do povo, Eu sou o Zé Ninguém, aqui em embaixo as leis são diferentes.” Diz a música, até quando? Até quando devemos suportar calado as injustiças sociais debaixo do nosso nariz?

Filosofando um pouco, tenho algumas respostas fundamentado num pensador que já viveu em nosso país, Michel Foucault. Segundo Foucault, toda esta parafernália cultural tem um nome, é um conceito chamado “Biopoder.” O Biopoder nada mais é do que quem governa vai decidir “quem deve viver” e de “quem deve morrer” na sociedade. Bem atual isto né, no mundo todo com esta Pandemia!

Desta forma, dentro deste conceito do Biopoder o racismo entra como um mecanismo impulsionador da divisão, do conflito, da guerra silenciosa na mente das pessoas com uma pseudo-ideologia fantasiada de uma ideologia majoritária. Traduzindo, o racismo entra sutilmente na mente das pessoas como algo válido e verdadeiro, sendo que ele pode até ser válido na lógica, porém, não é verdadeiro na realidade.

O “racismo” como “ideologia majoritária” significa afirmar que o racismo está espalhado e pior ainda, impregnado na mente de todo ser humano que tem convívio social razoável. Exemplificando: o racismo é como um vírus mortal – Pandemia – COVID-19 – massificaram esta informação em todas as mídias sociais, espalha rapidamente na mente das pessoas, se alojam e matam “a massa crítica” segundo afirmou Silvio Almeida em uma entrevista na CNN.

Este vírus mortal chamado “racismo” é degenerativo. Degenera a mente humana, assim como destrói o senso crítico das pessoas, até se tornarem debilóides, imbecis, estúpidos, esdrúxulos, mentecaptos.

Para ser mais claro e objetivo, é como a nossa visão de mundo fosse se atrofiando cada vez mais, como se enxergássemos vários espectros de cores, mas de repente, nós fôssemos perdendo uma cor por dia até chegar ao preto e ao branco, sendo assim, limitando a visão de mundo do indivíduo infectado, tornou-se um daltônico ideológico mortal, até chegar a cegueira completa cujo fim podemos denominar de “Xenofobia plus, master, blaster, ultra moderna”, talvez irreversível.

Voltando ao Biopoder. O racismo é mola propulsora desta máquina mortífera silenciosa que cada vez mais se “naturaliza perigosamente” no inconsciente das pessoas.

Antigamente, na metade do século XX, fazíamos a seguinte pergunta retórica: Qual é sua raça? Imagina perguntar isto para um brasileiro com descendência africana, indígena e europeia, que salada mista complexa da identidade social do brasileiro. Por isso, o mito das raças já foi superado “teoricamente”, basta acontecer na práxis. Mas por que isto não acontece?

Simples, por mais que descubramos não só a vacina da COVID-19, mas outra vacina para frear o avanço do vírus mortal do “racismo” que já deixou sequelas graves por onde se manifestou, porque acreditam ainda na ideia de raças. Por mais, que falemos, ensinemos, conscientizemos que raças nunca existiu, só existe apenas uma: a tal da raça humana. As sequelas bloqueiam os sentidos dos indivíduos infectados, por mais que tentem, eles sempre voltam piores.

Por mais que na teoria das raças conceitualmente não existe mais, mas na prática o racismo continua lá, como um vírus incubado, só esperando o momento para manifestar os primeiros sintomas.

O “Racismo” espalhado e impregnado na mente de todos os homens matam muito mais pessoas “indesejadas” no mundo inteiro do que toda a 2ª Guerra Mundial inteira que dizimou aproximadamente 6 milhões de judeus, e este evento do holocausto foi pontual na Alemanha de 1939 a 1945. Agora pense isto numa proporção mundial, sem gastos com armas bélicas caríssimas, o racismo pode ser comparado com uma arma de destruição em massa numa escala mundial entre os anos todos. Bem pensado, né!

Em nosso país com a cultura do jeitinho brasileiro de ser dissemina o racismo com aquelas brincadeiras ridículas e piadas sem graça, de mau gosto sobretudo entre os brasileiros. Isto é lamentável, deplorável! Pobre cultura brasileira doente! Rasteja assim não em verdes prados, mas em prados e campinas sanguinolentos pelo resultado da disseminação do racismo desde da infância das nossas ingênuas crianças brasileiras.

Existe uma guerra invisível acontecendo neste momento, exatamente agora, a você leitor que lê este texto agora. Os governantes sabem de tudo isto, eles chancelaram tudo isto. Eles afirmam entre eles: “Deixem que eles se matem, os negros, os brancos, os índios, os imigrantes, os refugiados, os pobres e miseráveis, as mulheres, os idosos, os deficientes, as crianças de rua, os doentes, os homossexuais, os machistas, os esquerdistas versus da extrema direita, católicos e protestantes. Por fim, qualquer grupo social que você pertença, lá estará o vírus do racismo para infectar sua mente.”

Para quê?

Segregar, dividir, separar, criar conflitos, guerras, matar sem dar um único tiro, porque o tiro saiu pela culatra, o tiro não foi de bala perdida, foi de bala encontrada. E o povão ainda canta: Que tiro foi este? Eu te digo, foi o tiro do racismo vírus mortal que mata milhares ao ano. Na verdade, o tiro é tua palavra ofensiva mostrando que este vírus, te tornou um zumbi (morto-vivo), porque você perdeu o que você tinha de mais caro, de maior valor, sua própria humanidade.

Aliás, aonde foi parar a nossa Humanidade?

Você existe para sobreviver, ou, sobrevive para existir?

Será que nós esquecemos de SER Humanos entre os Humanos?

Não venha me dizer que Nunca foi racista. Pois você é tão racista como eu. Eu, por exemplo, sou racista contra brancos, olha que eu sou branco, não deixo de ser racista.

Infelizmente, no Brasil, o racismo é estrutural, institucional, perverso, escutamos em entrevista do nosso excelentíssimo vice-presidente “Que no nosso país, não existe racismo” Como assim? Em que país ele está vivendo na Suécia???

Que regressão social política estamos vivenciando em nosso país. Regressão gradual até chegarmos a uma subconsciência primitiva, por isso, Platão tinha razão quando afirmou que o povo tem o governo que merece; sem consciência crítica, os críticos são sufocados pela unanimidade que é burra já dizia Nelson Rodrigues.

Cilada já estava armada e caímos perfeitamente nesta guerra silenciosa sem tiros. Está em qualquer lugar do mundo, está nas esquinas das grandes capitais do mundo,  no interior, nas famílias, nas igrejas, em todas instituições sociais e também nas redes sociais mais ainda. Depois vem me falar de Fake News, as redes sociais já são uma Big Fake News. Tudo começa em nossa infância, com a convivência com os pais em família, e  o pior não adianta os pais blindarem seus filhos, se tem celular com internet vai aprender fatalmente.

O que fazer então?

Só sei de uma coisa: somente o fato de você ter consciência crítica, já é uma luz no fim do túnel. Posteriormente, podemos dizer que abertura para dialogar é fundamental, mente aberta (Open Mind), ou, conceito novo interessante Pense fora da Caixa que te colocaram e você permitiu (Think Outside´s Box). Pensar criticamente nos mantêm protegidos e vivos inclusive do vírus mortal do racismo. Dialogar serenamente possibilita enveredarmos no universo do outro que me escuta e tenta me compreender em minha imensa diversidade de ideias e pensamentos. Caminhar não em labirintos que te aprisionam, para caminhos como em campos verdejantes abertos ao ar livre e fresco, sentindo no rosto o som da liberdade de SER, de PODER, de AGIR, independentemente, de onde vens e para onde vais.

Pergunta que não calar: Qual é sua cor mesmo?

Eu sou de todas as cores, sou um ser errante que acredita na vida, e ainda, nesta vida em sociedade, que acredita nesta pobre e miserável humanidade ingrata que somos.

Que Deus tenha Misericórdia de nós!

TODAS AS VIDAS IMPORTAM.

 

Profº Ms. Sérgio Augusto Moreira

20/12/2020

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