O Noviço

 

Relato de um Noviço

                Eu, Sérgio Augusto Moreira, fui seminarista da Sociedade Joseleitos de Cristo no ano de 2000 até 2003. Em janeiro de 2001, estava ingressando no Noviciado da Congregação Sociedade Joseleitos de Cristo, com o Mestre Noviço Pe. Justino, sjc. Não só este ano do Noviciado, mas todos os quatro anos que estive na Vida religiosa aumentou minha fé e o amor pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

No primeiro ano no postulantado com o Pe. Henrique, vivi a experiencia real de um missionário de Cristo Jesus Nosso Senhor em Tucano-BA, foi realmente muito bom sentir na pele a vida sofrida do povo nordestina e sua fé viva e inquebrantável em Jesus e Maria, Nossa Senhora. Sou grato ao Pe. Henrique, sjc que me confiou na época a missão de acompanhar e formar os catequistas, em cada povoado era uma missão extremamente rica tanto no lado do crescimento humano, como no lado espiritual. Rezo por todos os sacerdotes Joseleitos com afinco, mas, rezo por estes que convivi com maior prazer.

No segundo ano, início o noviciado com o Pe. Justino, sjc o qual foi uma experiência muito enriquecedora em todos os aspectos. Os noviços de 2001 éramos seis, se eu não me engano. Pe. Justino sempre foi muito humano, amável, próximo, amigo e muito sério em relação a formação da Vida Religiosa e, especialmente, pela vida do Pe. José Gumercindo, Pai fundador dos Joseleitos de Cristo. Pe. Justino com certeza, um verdadeiro discípulo do Pe. Fundador, um verdadeiro Joseleito de Cristo.

Neste ano do Noviciado, aprendi muito sobre a História da Igreja na formação com o Pe. Antônio Carlos, sjc – Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Nova Friburgo – RJ. Aliás, diga-se de passagem, que bela cidade. Pe. Justino adorava aquela cidade como eu, com o clima europeu, conhecida como a Suíça brasileira, um lugar com um clima agradável, pessoas acolhedoras e simples, engordei nesta cidade.

Aprendi com a formação do nosso amado e querido Pe. Just. Assim que chamávamos sobre a Vida do Fundador, li o livro “Quarenta anos no Deserto” obra prima do Fundador, o mais interessante como Pe. Just. Nosso Mestre Noviço falava sobre o fundador com muito amor, carinho e respeito, assim como um filho mais velho fala sobre seu Pai, Pai fundador. Ele nos mostrou a espiritualidade joseleita com muito amor e dedicação.

Na hora da formação e nos momentos de oração estávamos todos de batina, o que eu achava particularmente fantástico e maravilhoso, dizem por aí  que “o hábito não faz o monge”, entretanto, eu digo “o monge faz o hábito”, quem faz o religioso de fato não é uma batina, mas quando as pessoas nos olhavam com batina, fazia-nos lembrar quem nós éramos, qual opção nós tínhamos feito, a de ser totalmente de Cristo Jesus, lembro-me de uma frase do evangelho de Cristo Jesus não só o Pe. Justino dizia, mas Pe. Henrique também dizia “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é digno de mim”. Portanto, adorava usar a batina, me sentia bem confortável, de maneira alguma senti envergonhado, pelo contrário, me sentia feliz e livre, eis os conselhos evangélicos que professávamos. Infelizmente, pouquíssimos Joseleitos usavam a batina, que eu me lembro, o saudoso Ir. Brito, sjc o qual era muito engraçado e o saudoso Pe. Balbino, sjc um sacerdote excêntrico de muita fé. Portanto, porque não seguir o ideal do fundador, será que já ultrapassado? Bom, se os ideais do fundador estiverem ultrapassados, logo, serão ultrapassados os ensinamentos do nosso Mestre e Senhor Jesus. Porque o fundador não foi outro grande imitador de Nosso Senhor Jesus Cristo, que logo, logo, será mais um Santo da Igreja Católica do Brasil para honra e glória de Deus.

Pe. Justino,sjc usava sua batina impecável nos vincos, bem passada, ficava show. E isto nos deixava orgulhosos de ser o que nós éramos religiosos que “partilhavam tudo em comum”. Aliás, outra qualidade do Pe. Justino era uma pessoa divertida, sempre estávamos dando risadas, sorrisos à toa, na hora do café da manhã, no almoço e na janta. Assim, o clima ficava leve entre nós, a convivência, pelo menos, entre o nosso superior imediato e nós noviços era pacífica e harmoniosa.

Lembro-me de uma ocasião engraçada. Minha mãe e minha irmã foi nos visitar em julho, no mês mais frio, daí Pe. Justino nos convidou para almoçarmos no restaurante do Teleférico de Nova Friburgo. Ele foi dirigindo o carro, porém, Pe. Justino, dirigia, mas não gostava muito de dirigir. Chegando lá, Nova Friburgo é cheio de morros e encostas, era necessário dar à ré no carro para estacionar, mas a rua era bem estreita, daqui a pouco escutamos um barulho, o carro subiu a guia e tinha um abismo logo abaixo. Enquanto nós levamos um susto, ele deu uma gargalhada e disse: “Acho que subi um pouquinho...” e riu. Almoçamos, mas demos mais risadas a tarde toda. Ah, detalhe eu era o motorista desta turma. Só foi risada a tarde que até esquecemos o susto. Minha amada falecida mãe adorou conhecer o Pe. Justino, por acolhê-la tão bem e nos deixar a vontade. Bons tempos!

Então com o passar do tempo no Noviciado, alguns irmãos desistiam das suas vocações, eu me mantive firme, não foi fácil, mas continuei firme, posso afirmar hoje, que se fiquei firme no Noviciado graças à presença do Pe. Justino, era um exemplo de religioso.

Outro episódio bastante curioso mostra a firmeza e a calma do Pe. Justino diante da situação. Vou contar! Quando fiz pastoral no Campo do Coelho – Paróquia Imaculada Conceição em duas comunidades Riacho Grande e Salinas. Mas um belo dia como eu tinha uma certa afinidade com jovens, estimulava bastante os jovens por onde passei até hoje, por isso, sou Professor de Filosofia e Sociologia numa escola pública do Estado de São Paulo, o qual sou feliz. Como eu ia dizendo, dois jovens da comunidade São Lourenço me convidaram para fazer a Celebração da palavra no dia o padroeiro – 15 de agosto, aceitei o convite, porém, eu pensei a celebração será 19 h e as 20 h passava o último ônibus para voltar para o Seminário, naquela não tinha celular e nem whatsapp para se comunicar. O que aconteceu? Perdi o último ónibus, tudo. Mas e agora? Os jovens sugeriram para dormir e voltar no dia seguinte. Era Domingo eu tinha um horário para estar lá, que era 22 h, se eu não me engano, o Pe. Justino nos esperava chegar. Então, falei para eles tinham dá um jeito de pegar o ônibus, então peguei carona numa moto até o próximo ponto, chegando o ônibus já tinha ido e era uma 21 h, fui até um bar aberto na pista pedindo carona até cidade, ninguém ia; fui até o posto policial para me dar uma carona até a cidade, eles disseram que não podiam. Então, o jeito foi ir a pé, comecei a caminhar e rezar o Santo Terço e confiei a Nossa Senhora para que conseguisse uma carona, quando terminei o terço para uma Kombe, e era um pessoal do Campo do Coelho e me deram carona até o seminário já era quase meia noite. Entrei no seminário, quando acendi a luz da sala, Pe. Justino lá me esperando e disse firme: “Menino isto é hora de chegar, o que aconteceu?”  Daí eu expliquei tudo o que houve, ele me compreendeu e disse: “vai descansar, você está cansado, amanhã a gente conversa mais sobre isto”. Enfim, foi firme como um Pai deve ser, mas me ouviu e me acalmou.

Bom, tem muito mais coisas, mas não me recordo de tudo. Estas duas experiências que relatei mostra o quão especial e único foi conviver com o Pe. Just. no Noviciado, aprendi muito, sou eternamente grato Pe. Justino, por me ensinar a amar a Santa Igreja Católica Romana, por dar testemunho de um verdadeiro religioso, especialmente, Joseleito de Cristo. Me tornei mais responsável e mais humano com toda convivência que tive no Noviciado.

Sou grato, rezo o Santo Rosário todos os dias com a intercessão de Nossa Senhora das Graças e São José pelo seu sacerdócio continue profícuo e frutuoso, apesar de não prosseguir na vida religiosa, sou mais católico do que nunca, e morrerei assim. Rezo não só por você, mas todos os Sacerdotes da Sociedade Joseleitos de Cristo.

Muito Obrigado por tudo!

Que Maria Santíssima cubra com seu manto sagrado hoje e sempre. Amém!

Paz e bem!

Deus abençoe e a sua bênção!

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